Garotinho. E agora?

Garotinho se defende e diz que candidatura está mantida

Publicado em 30/05/2010, às 18h25


Garotinho disse que ação do TRE não abalou o partido e nem a ele, e garantiu que será candidato

Angélica Arieira

Volta Redonda

Em entrevista exclusiva ao DIÁRIO DO VALE, o ex-governador e presidente estadual do PR, Anthony Garotinho, que na última semana foi surpreendido por uma decisão do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) que o tornou inelegível, afirmou que sua pré-candidatura ao Governo do Estado está mantida. Ele disse que acredita que poderá reverter a decisão, que chamou de absurda, junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) já na próxima semana. "Nós estamos com advogados em Brasília. A impressão que eles tiveram sobre a decisão é que ela é absurda e já na próxima terça-feira estão ingressando com recursos para reverter esse quadro, que na visão dos advogados é totalmente favorável a nós", disse.

Garotinho afirmou que mesmo que a acusação adotada pelo TRE, segundo ele, tivesse cabimento, a pena aplicada pelo tribunal está completamente fora da realidade.

- A decisão do TRE do Rio tem base no que eles afirmam ser uma propaganda acontecida em uma entrevista para um programa de rádio dada pela prefeita de Campos, Rosinha Garotinho, à minha pessoa. A pena que caberia no caso, se ele fosse real, é totalmente desproporcional à sugerida. Eles querem deixar alguém inelegível e tirar o mandato da prefeita. Na visão dos advogados caberia somente multa para estes casos e, por isso, vamos recorrer - disse.

Outra questão apontada por Garotinho como sendo caracterizadora de "uma manobra política e não técnica na análise do TRE" é o fato de que somente agora, período próximo as eleições, houve a decisão sobre um caso que ocorreu em 2008.

- O processo é referente às eleições de 2008. Nosso questionamento, e dos advogados, é por que se esperou tanto e somente agora saiu o julgamento sobre esta questão, em uma época tão próxima às convenções partidárias. Por isso nossos advogados vão caracterizar no TSE que o TRE agiu mais politicamente que tecnicamente - afirmou.

Ficha Limpa não atrapalharia candidatura do republicano

Embora tenha havido especulações que mesmo que Garotinho consiga reverter a decisão do TRE ele não poderia se manter como candidato, o republicano garante que isso não vai ocorrer. "Se a aprovação do Ficha Limpa for sancionada pelo presidente Lula, não vai interferir no meu caso. O projeto rege sobre crimes de corrupção, improbidade administrativa e não com o que estão nos acusando, que é de propaganda eleitoral irregular", ponderou Garotinho.

No entanto, esta não é a opinião do presidente do PR em Volta Redonda, Antônio Cardoso. Ele tem uma opinião mais contida sobre a questão e disse que embora não acredite que o Ficha Limpa será sancionado este ano, afirma que isso poderia impedir a candidatura de Garotinho, se viesse a ocorrer.

- O que o tribunal decidiu tem efeito suspensivo. Garotinho continua candidato e se não houver lei maior a questão só será julgada lá para frente, o que não impede a candidatura. Mas se o Ficha Limpa for validado sem nenhuma emenda poderá atingir qualquer um que estiver com qualquer problema em juízo - avaliou. No entanto, Cardoso acredita que o presidente Lula não correrá o risco de perder apoios de base para a candidata do seu partido à Presidência. "O presidente não vai sancionar essa lei para vigorar agora em 2010. Por que muitos políticos do PT seriam afetados e muitos de base. Essa história não terá final agora. O PR adianta que não trabalha com a hipótese de trocar de candidato ao governo do Rio", apontou.

PR fará reunião para posicionar lideranças e ratificar pré-candidatura de Garotinho

Na tentativa de tranquilizar a base aliada e os membros dos diretórios municipais do PR, Anthony Garotinho realizará amanhã (31), às 14h, na sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro, um encontro com todas as lideranças do partido no Estado. De acordo com Garotinho, o momento será importante para o PR reunir forças de todo o estado na tentativa de manter os republicanos unidos. "Independente de todo esse caso nosso compromisso está mantido. Estamos convocando todos os membros do PR para este encontro para dizer que a candidatura está de pé", disse o pré-candidato.

O republicano ainda dispensou críticas ao atual governador Sérgio Cabral (PMDB), a quem acusou de ter montado uma perseguição contra ele (Garotinho). "Se ele (Cabral) acha que nos abateu com essa perseguição, tenha certeza que isso não ocorreu. Pelo contrário, só nos fortaleceu e aumentou nossa força partidária", disse. Garotinho ainda pediu apoio do Sul Fluminense e endereçou um recado ao Sul do Estado e a Volta Redonda.

- Peço aos militantes que estejam de mangas arregaçadas. Prontos para o trabalho. Para Volta Redonda nosso compromisso de fazer da cidade a sede de uma universidade tecnológica continua, por que temos certeza que essa decisão de nos tornar inelegíveis não irá vingar - disse ele.

GAROTINHO E ROSINHA FORAM CASSADOS

TRE cassa mandato de Rosinha e torna Garotinho inelegível
Os dois podem recorrer da decisão no TSE.
Garotinho é pré-candidato ao governo do Rio.

Do G1 RJ
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O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro cassou nesta quinta-feira (27) o mandato da prefeita de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, Rosinha Garotinho, por abuso do poder econômico. Segundo o TRE, ela foi beneficiada pelas práticas panfletárias da rádio e do jornal O Diário, durante a campanha nas eleições 2008. Cabe recurso ao Tribunal ao Superior Eleitoral.

Como Rosinha Garotinho obteve mais de 50% dos votos, o tribunal convocou novas eleições para o município. O uso indevido dos meios de comunicação social também levou a Corte a tornar inelegíveis por três anos a prefeita cassada e o pré-candidato ao governo do Rio, Anthony Garotinho, além de três comunicadores da rádio O Diário.

Todos podem recorrer da setença
Os dois ainda podem recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral, com efeito suspensivo. O julgamento chegou a ficar empatado em três votos a três. Coube ao presidente do TRE-RJ, desembargador Nametala Jorge, o voto de desempate.

“Os fatos foram inadmissíveis. O pleito eleitoral tem que ter uma lisura absoluta, trata-se de um direito da sociedade”, justificou o desembargador.

Os votos vencidos foram do relator do processo, juiz Célio Salim e dos juízes Leonardo Antonelli e Luiz de Mello Serra. Os desembargadores Sérgio Lúcio de Oliveira e Cruz e Raldênio Bonifácio acompanharam o voto divergente do revisor, juiz Luiz Márcio Pereira.

De acordo com o TRE, houve ainda um impasse quanto ao início da contagem do prazo de inelegibilidade. O juiz Luiz Márcio Pereira defendeu a tese de que o prazo deveria contar a partir da decisão, no que foi acompanhado pelo desembargador Nametala Jorge. Mas os desembargadores Sérgio Lúcio de Oliveira e Cruz e Raldênio Bonifácio entenderam que deve prevalecer a Súmula 19 do TSE, com a contagem a partir das eleições em que os fatos ocorreram, ou seja, em 2008, o que. Para resolver o impasse, o juiz Luiz Márcio Pereira adotou o prazo da Súmula.

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